CL+ | Correio Lageano
Consciência Negra

Um retrato da consciência negra

“Macaco”, um dos nomes pejorativos que Yago Uriel do Nascimento (18) era chamado pelo padrasto, além, é claro, da agressão física que sofria. As agressões eram pela cor da sua pele.

Filho mais velho de uma família composta por mais três irmãos, Yago demorou algum tempo para se encontrar e reconhecer o local ao qual pertence. Atualmente, participa de vários espaços onde os negros são maioria, como o Centro de Umbanda, culto afro-brasileiro. Fez capoeira, luta e dança histórica de seu povo.

É por meio do rap, gênero musical que surgiu na Jamaica em 1960 e chegou no Brasil no fim dos anos 80, com suas rimas e poesias, que consegue expressar a sua opinião e contar um pouco da realidade de ser negro, a sua relação na sociedade e o racismo, ainda tabu no Brasil.

A roupa larga e o seu cabelo retratam seu estilo de jovem negro do hip hop. Aos 14 anos, começou a escrever suas letras. “Eu falo sobre coisas, pessoas, lutas, que muitos não iriam entender, é a nossa vivência”, define. Morador do Bairro Sagrado Coração de Jesus, em Lages, é estudante do ensino médio, mas já pensa nos cursos que quer fazer na faculdade como, Filosofia, Direito e História.

 Yago Uriel do Nascimento

 A educação pode  mudar a realidade

“O passado de povoação europeia, foi, em Santa Catarina, supervalorizado em detrimento de nossa herança indígena ou negra”, comenta a professora e historiadora doutora em história social pela Universidade de São Paulo (USP), Miriam Branco. A invisibilidade é das etnias, não apenas da negra, mas de indígenas e dos árabes, por exemplo.

“A comunidade, em geral, não dá valor para a data, não tem o entendimento do que significa. É o dia para reflexão, um país com quase 400 anos de escravidão, com preconceito econômico, não deve ser esquecido”, explica. É o momento de falar sobre o preconceito.

Segundo o IBGE, cresceu o número de pessoas que se consideram negras e pardas, em relação às que se consideram brancas, 54% dos brasileiros. Entretanto, os negros têm menor instrução, são vítimas de preconceito, são um grande percentual de presos e, por sua vez, moram em locais mais empobrecidos. “A reflexão não deve ser exclusiva da classe que vive, pois, o desenvolvimento do país está em cheque”, argumenta.

A construção histórica e social é de que o branco trouxe o progresso. “Tem quem coloque essas informações em termos geográficos. O que a criança que escuta isso na escola vai pensar?”, indaga Miriam.

Para a doutora, refletir sobre o afrodescente, as suas oportunidades, não pode ocorrer em casos esporádicos. A intenção é que todos tenham acesso aos direitos igualitários. As cotas vieram neste viés, para auxiliar os mais frágeis. “E o aumento nas estatísticas de pessoas declarando-se negras ou pardas revela que estão cientes de sim”, argumenta.

No dia a dia, também é possível promover o debate sobre o tema. Secretário Nacional dos Afro-brasileiros Grupos Nacional de São Paulo e professor de uma escola municipal da região, Antônio Chaves, também luta pela causa. Em sala de aula, discorre sobre inclusão social, fala sobre a diversidade e propõem trabalhos acerca do assunto. “Próximo à data do dia 20, realizamos trabalhos como teatro e textos sobre o assunto”, comenta ele.

Os negros foram libertados de fato?

Zumbi dos Palmares, líder quilombola conhecido nacionalmente, morreu num 20 de novembro, há mais de 300 anos. Símbolo da luta dos negros no Brasil, que nesta data, celebram o Dia da Consciência Negra.

Porém, usar as palavras “celebram” ou “comemoram” é estranho, quando nos referimos a um grupo de pessoas que, até hoje, sofre os efeitos da escravidão, da exclusão e da violência, tudo isso por causa da sua etnia e a cor da pele. A data é mais uma forma de ressaltar a importância da cultura dos afrodescendentes, relembrar sua história e destacar a importância de respeitar e lembrar da luta do movimento negro.

Precisamos falar disso. Quem mais morre no Brasil é o jovem negro. Tem 2,5 vezes mais chances de ser assassinado. A população negra recebe 40% a menos que os brancos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Mesmo que os dados sejam tão discrepantes e que os exemplos de violência contra essa população sejam diários, há quem diga que o racismo não existe e que esse é um problema causado pelo próprio negro.

Isso é um reflexo da cultura branca, européia, que escravizou os negros e os levou para suas colônias. Mas, mesmo que séculos tenham se passado após a abolição, o racismo é um companheiro diário da população.

O aposentado Sebastião Nascimento ressalta que o negro “nunca quis a segregação, nunca quis ficar separado do branco, isso é uma imposição feita por eles [brancos], que escolheram e ainda escolhem discriminar. É essa cultura, também, que define como devem se portar, se vestir e como devem ser. “Não foi o negro quem disse que o cabelo dele é feio, que a cor dele é feia”, acrescenta.

Maria Odete da Costa

A pedagoga Maria Odete da Costa lembra que o negro foi trazido ao Brasil para ser escravo. Trabalhou e nunca recebeu nada em troca por isso. Com a abolição da escravidão, após um decreto da Princesa Isabel – que foi pressionada pela Inglaterra durante a Revolução Industrial –, o negro se tornou livre. “Nós fomos libertados, mas não sei pra que? ”, exalta Sebastião.

Após o fim da escravidão, em 1888, a maioria deixou as fazendas e os outros locais de trabalho escravo, ficou sem casa, sem comida e sem destino. Não teve uma compensação pelos anos de trabalho. Não havia quem os deste trabalho ou oferecesse um lugar para morar, aí surgiram as favelas e as diferenças sociais. Essa situação foi diferente para os imigrantes que chegaram aqui para trabalhar, como o caso dos alemães e italianos, como lembra Maria Odete. Ao chegarem ao país, receberam terrenos, subsídios e até mesmo ferramentas. Os negros, que estavam aqui há mais tempo, não tiveram as mesmas oportunidades. O que era deles de direito, foi entregue nas mãos dos recém-chegados.

Por causa disso, as cotas em universidades públicas e concursos públicos, são tão importantes. “É uma dívida que há conosco”, acrescenta Sebastião

Como o negro ficou sem oportunidades, teve menos acesso ao estudo e ao emprego e para eles, há dificuldade em alcançar postos maiores. As cotas ajudam os afro-brasileiros a se inserirem nos espaços onde, geralmente, não é representado, como as universidades públicas por exemplo, nos cursos de Medicina, Engenharia, entre outras.

Resgate histórico

É muito marcante para a comunidade afrodescendente a falta de registros sobre a sua história, sobre a sua origem. “A África não é um país, é um continente e a história mundial faz parte dela”, ressalta Sebastião. Entretanto, grande parte da população negra desconhece suas origens. Não é como o branco, que sabe de onde veio o seu sobrenome, a sua família. O negro, devido à escravidão, recebia o nome do dono da fazenda e, assim, toda a sua história era apagada. Por isso, as pesquisas acadêmicas a respeito do tema são tão importantes.

Sebastião Nascimento
Carolina Corbelllini

Desde a chegada das primeiras pessoas vindas do continente africano, como propriedade do homem branco, foi sendo construída a ideia de que seus traços e suas culturas eram inferiores. Apesar disso, os homens e mulheres trazidos dos países africanos sempre mantiveram suas práticas, seja religiosas ou culinárias, entre outras. Tanto que elas resistiram ao tempo, e fazem parte da cultura brasileira. Entretanto, ainda existe o preconceito contra as religiões de matrizes africanas, como o Candomblé e a Umbanda. A historiadora Carolina Corbelllini, explica que durante o século 20, era muito comum as batidas policias, em Lages e no Estado, de acordo com documentos oficiais, para acabar com a expressão da religiosidade. “Isso foi uma tentativa da população branca e da política portuguesa naquela época, de cada vez mais desumanizar os africanos e seus descendentes”, acrescenta.

Em Lages, os escravos chegaram com a vinda do fundador da cidade, o português Antônio Correia Pinto de Macedo. Eles trabalhavam nas fazendas e na criação de gado. Após a abolição da escravidão, reuniram-se onde hoje é o Bairro da Brusque. Isso foi uma questão estratégica, já que ali era um ponto próximo à casa dos patrões, no Centro, e não haveria desculpas para atrasos.

A história dos antepassados

Lauro Alves de Athaide (80), nasceu na Coxilha Rica, na fazenda em que o pai trabalhava. O avô, que ele não chegou a conhecer, era escravo. “O meu pai contava que o pai dele foi escravo e que passava muito trabalho. Escravo não se governava. Eles [donos de escravos] eram malvados [com os escravos]. Eu nunca esqueci isso aí que meu pai contava”, lembra. Seu Lauro cresceu nos campos da Coxilha, no mesmo local onde o pai sempre trabalhou, e lá permaneceu até a fazenda ser vendida. “Nasci na fazenda do velho Leandro Arruda”, conta. Agora, passa os dias sozinho, no Bairro Várzea, em uma casa de madeira com um parreiral na frente, que dá sombra e uvas. Cozinha, lava a roupa e, às vezes, recebe a visita dos parentes e dos filhos.

Lauro Alves de Athaide

Cruz e Sousa, espaço de organização

A fundação do Clube Cruz e Sousa, mesmo que tenha acontecido com a ajuda dos brancos, foi de extrema importância para a união da população negra. O clube que completa 100 anos em 2018, oportunizar o encontro dessa população, proibida de frequentar o mesmo ambiente que os brancos. Os brancos ajudaram na construção do clube, porque os afro-brasileiros costumavam reunir-se em casas, o que era motivo de incômodo para os vizinhos, que diziam que ‘os negros faziam muita bagunça’. A sua fundação foi uma forma de ‘civilizar’ a comunidade negra, no conceito europeu. Entretanto, isso foi usado de forma positiva pelos negros, para que criassem mais oportunidades para a comunidade, que ganhou um ponto de encontro e uma referência bem no Centro da cidade.

A coordenadora do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros, Nanci Alves, ressalta que o 20 de novembro é uma data relevante.

Em 2008, foi sancionada a lei 11.645, que obriga escolas ensinarem a história e cultura afro-brasileira e indígena.

“Aquilo que você conhece, você passa a respeitar”, exalta Maria Odete. Antigamente, as crianças negras tinham apenas imagens da escravidão, não existiam exemplos positivos. Maria acrescenta que quando você começa a falar que a religião não é boa, que o cabelo é feio, isso desvaloriza as pessoas, que começam a recuar. “Quando você reza na cartilha do outro, estuda na cartilha do outro e seu cabelo é como o do outro, começamos a pensar nisso e na nossa história”, enfatiza. É preciso repensar no mundo, trocar as lentes e enxergar o novo mundo, conclui.

A cor da representatividade

Diony de Sousa

Ser militante da causa ajudou na decisão do nome do projeto fotográfico que desenvolveu em parceria com uma amiga. Diony de Sousa, 25 anos, criou Pretxs. O projeto busca fotografar a diversidade de pessoas.

Estudante de Jornalismo, seu amor pela fotografia o fez batalhar até adquirir a primeira máquina fotográfica, instrumento caro, que nem sempre esteve dentro de seu orçamento.

“Falam sobre preconceito, que ele não existe, mas eu digo que existe. Buscamos – eu e a Jana (colega de projeto) – a representatividade de quem está sendo fotografado.”

Apaixonado por livros, conhece a história de sua etnia, e leu muita coisa que o transformou no que é. Foram situações do passado que nos remetem aos tempos de hoje, como as mortes, tão comuns na escravidão, e presentes na atualidade.

“Me vejo em muitos lugares e penso: deveriam ter outros negros aqui. A maioria da população é negra, mas na mídia somos representados como marginais, somos estereotipados.” Quando estava na educação básica, pouco se falava sobre ser negro, sobre a religião dos negros, a etnia era excluída. “Nossa bolha de relações nos cega, porque já que a gente não vive, pensamos que talvez o racismo não exista. É preciso ter consciência histórica do que a gente passa”, explica.

A Cor da Invisibilidade

Desde 2011, a partir de uma lei federal, 20 de novembro é o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Feriado em mais de mil cidades no Brasil. A regulamentação da lei pode ser conferida no levantamento da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro, todos os municípios comemoram a data. No entanto, em outros, nenhuma cidade aderiu, como o Rio Grande do Sul e o Distrito Federal, por exemplo. Em Santa Catarina, Florianópolis tem um projeto para tornar feriado, mas ainda não saiu do papel.

A militante do Movimento Negro Unificado de Santa Catarina (MNU), de Florianópolis, Vanda de Oliveira Gomes Pinedo, explica que uma lei foi aprovada em 2009, porém, uma ação na justiça, alegando inconstitucionalidade, promovida pelo Sindicato do Comércio Varejista de Florianópolis (Sindilojas), em 2010, impediu o feriado na data. A lei foi proposta pela Câmara de Vereadores da Capital que, segundo a Justiça, não tem competência para uma tarefa que seria do Executivo.

Para Vanda é grave que no Brasil haja tantos feriados, na sua maioria religiosos, de uma única matriz, a cristã e católica, e criem-se impedimentos para uma data que é importante para o povo negro e para a reflexão da diversidade étnica e cultural brasileira. Ela não tem dúvidas sobre a necessidade da comemoração da data, que marca a resistência dos negros à escravidão. Por cerca de 400 anos os negros foram escravizados no Brasil. 20 de novembro é uma data histórica, que tem valor simbólico.

Vanda de Oliveira Gomes Pinedo

Negar isso é, mais uma vez invisibilizar o negro na sociedade. A escravidão fez parte de um sistema econômico e social de exploração. Os quilombos e as fugas dos negros da escravidão, contrapunham o sistema escravista. E, por conta disso, o Dia da Consciência Negra deve ser comemorado. Diferente do dia 13 de maio, dia que a Princesa Isabel assinou a Lei de Abolição da Escravatura no país. Uma data refutada pelos movimentos negros.

O Brasil é o segundo país com a maior população negra do mundo perdendo apenas para a Nigéria, na África. Porém, se observamos as campanhas publicitárias, a programação dos canais de TV, pensamos que estamos em um país diferente, pois a predominância nesses espaços é dos brancos, não há um equilíbrio de representatividade. Não mostra o Brasil do jeito que ele é.

Vanda argumenta que outro problema que provoca essa disparidade entre brancos e negros, não apenas na TV, mas também na representatividade política, ou nas escolas particulares, por exemplo, é a educação. No Brasil, é eurocêntrica, sabemos mais da Grécia Antiga do que do nosso próprio país. É óbvio que temos de estudar os antepassados da humanidade, que tanto contribuíram para o que somos hoje, porém não devemos ignorar a história local, o que aconteceu no nosso quintal. Os negros são parte importante na construção da sociedade brasileira, assim como os indígenas, ambos invisibilizados. E Lages não foge à regra. Uma cidade fundada no século 18 (1766), fez parte da colônia portuguesa e, por consequência do tempo histórico vivido, escravizou pessoas negras. No Museu Thiago de Castro é possível encontrar farto material de pesquisa sobre o período, entre eles, a ‘meia siza’, imposto sobre o comércio de escravos. Papéis que o tempo conservou e que descrevem os escravos e suas características físicas, muitas vezes, sem nem mesmo citar o nome. “Precisamos de outra realidade educacional, combater o sistema, sensibilizar a sociedade”, acredita Vanda.

O Brasil é um país racista

Recentemente, ganhou destaque um vídeo do jornalista William Waack, no qual foi acusado de racismo. Muitas foram as críticas ao âncora, especialmente nas redes sociais, porém, alguns brancos saíram em sua defesa, como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Quem o defende alega que falar uma frase racista, não é ser racista.

Desmontar o racismo é uma tarefa de toda a comunidade, o movimento do qual Vanda Pinedo faz parte trabalha com palestras, dialogando em bairros, universidades e escolas, e está contribuindo para o entendimento das pessoas sobre a importância da data. “Os brancos são minoria, mas julgam-se maioria, pela condição que dominou na sociedade. Foram cerca de 400 anos de escravidão, censurando os espaços de produção e estudos dos negros. Por isso, é difícil o negro dar conta dos processos contra o racismo sozinho. Hoje, são as associações, movimentos, que lutam pelo espaço do negro em todos os âmbitos da sociedade”, explica.

O preconceito sentido na pele

Os antepassados tiveram de lutar pela liberdade. Em pleno século 21, o preconceito ainda existe e os negros precisam continuar buscando igualdade e justiça. Ivanda Garcia Rodrigues (30), moradora do Bairro Santa Catarina, mãe de quatro filhos, tem dificuldade para encontrar emprego. Já teve alguns de carteira assinada, mas foi demitida. O motivo, ela conta, é o preconceito, por ser negra.

Ivanda Garcia Rodrigues

Quando trabalhava em um mercado, no Centro de Lages, foi demitida e humilhada. “A gerente me chamou e me disse: infelizmente, não poderemos continuar com você, as pessoas estão incomodadas em serem atendidas por uma ‘preta’. Dói você não conseguir emprego pela cor da sua pele. A falta de um trabalho faz com que a família passe necessidade. Espero que quando eles forem mais velhos e o filhos de outras pessoas também, possam trabalhar sem preconceito. Eu digo para o meu mais velho, de 12 anos, vai e rasga esse mundo.” Todos os dias ela se vê em uma batalha, para vencer o preconceito e, um dia, espera sair vitoriosa.

O que é o dia da consciência negra

Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhido o dia 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.

Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.

A criação desta data serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia de comemoração valorizando a cultura afro-brasileira.

Produção:

  • Agnes Samantha
  • Camila Paes
  • Gisele Bineck
  • Suzane Faita
  • Vinicius Prado